Vamos falar de Separação

A ansiedade de separação faz parte do desenvolvimento normal da criança, especialmente entre os 8 meses e os 2 anos de idade. Por volta dos 2 anos a criança desenvolve a permanência de objeto, o que significa que ela adquire a noção de que os pais continuam a existir mesmo estando fora do seu campo de visão. Desta forma, aos 2 anos as crianças começam a desenvolver confiança de que os pais vão regressar.

Com o início de um novo ano letivo, longos períodos de tempo em casa, ou mudanças de escola, é normal que surjam sentimentos de ansiedade nos pais e nas crianças. Esta ansiedade pode manifestar-se, sobretudo, no momento da separação, quando os pais deixam os filhos na creche/jardim de infância/escola. A ansiedade de separação faz parte do desenvolvimento!

Como se manifesta a ansiedade? 

  • Choro;
  • Dores de cabeça e/ou de barriga;
  • Dificuldades em dormir;
  • Coração a bater muito depressa;
  • Dor no peito;

Estes sintomas podem surgir quando a criança é deixada na creche, começa a escola, tem de ir dormir, muda de casa, dorme fora de casa (sem os pais), entre outros… 

Quando é que a ansiedade de separação começa a ser preocupante? 

Se o seu filho sente um mal-estar excessivo, para a idade de desenvolvimento, quando antecipa ou experiencia uma separação e… 

  • Não o quer deixar sair de casa, mesmo ficando com outras pessoas conhecidas;
  • Não é capaz de passar noites em casa de um amigo ou de ir para campos de férias; 
  • É muito apegado a si ou exige demasiado contacto físico;
  • Recusa-se a ir à escola;
  • Tem dificuldades em dormir sozinho durante a noite;
  • Liga-lhe constantemente quando estão separados;
  • Sente-se mal por estar afastado de casa, mesmo estando consigo;
  • Não consegue ir brincar com amigos a casa destes, mesmo que sejam vizinhos;
  • Sente ansiedade por estar em casa sem si, mesmo durante o dia;
  • Tem preocupações e/ou pesadelos acerca da separação ou de que algo de mau lhe
    aconteça.

Poderemos estar perante uma Perturbação da Ansiedade de Separação. 

Como posso fazer para ajudar o meu filho?

Ouça os sentimentos da criança e seja empático. Fale com ela sobre o que ela está a sentir e prepare-a para a nova situação. 

Mantenha a calma. As crianças aprendem muito com o que observam nos adultos. Se mantiver a calma, vai transmitir uma maior segurança à criança. 

Sempre que a deixar no Jardim-de-Infância ou outro lugar não desapareça de imediato, dê-lhe um beijinho ou um abraço de despedida, dizendo-lhe tranquilamente que voltará no final do dia.
Ensine estratégias de relaxamento simples, como técnicas de respiração profunda, contar até 10 ou pedir que ela imagine algo agradável ou se recorde de um momento bom. Isto ajuda a que a criança sinta que tem controlo sobre o seu corpo. 

Deixe que a criança leve consigo um objeto que a faça lembrar a casa, ou com o qual ela tenha ligação. 

Treine as situações de separação de uma forma gradual. Comece por uma separação pequena (ex. deixar a criança a brincar em casa de um vizinho durante meia hora) e, quando a criança se sentir confortável, alongar o tempo e depois a distância a que estão separados. 

Reforço positivo: recompense a criança por cada esforço que faça no sentido de enfrentar uma situação de separação. Como posso fazer para ajudar o meu filho?

Referências:

American Psychiatric Association. (2014). Perturbações de Ansiedade. In Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5th ed., pp. 225–230). Climepsi Editores.

Consolini, D. M. (2022, July 5). Ansiedade de separação e ansiedade perante estranhos. Manual MSD Versão Saúde para a Família. Retrieved July 14, 2022, from https://www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/problemas-desa%C3%BAde-infantil/sintomas-em-beb%C3%AAs-ecrian%C3%A7as/ansiedade-de-separa%C3%A7%C3%A3o-eansiedade-perante-estranhos 

Figueroa, A., Soutullo, C., Ono, Y., & Saito, K. (2012). Separation Anxiety [E-book]. In e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health (Rey JM ed., pp. 1–24). International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions.

Vamos falar de Mordidelas

Com a entrada da criança na creche, podem surgir algumas queixas a respeito de mordidelas. Seja a criança que morde ou a que é mordida, este é um tema que causa algum desconforto nos pais e nos educadores. Neste “Vamos falar de…” poderá encontrar uma possível explicação para este comportamento, assim como algumas recomendações para o minimizar.

Uma questão de desenvolvimento…!

As crianças, quanto mais pequenas são, maior dificuldade tem em expressar e regular as suas emoções. Neste sentido, o ato de morder pode ser uma forma da criança manifestar raiva, ansiedade, frustração, descontentamento, ciúmes, etc… Também devemos ter em conta que, na creche, as crianças encontram-se num novo contexto, com novas pessoas. Isto pode causar alguma insegurança na criança e levar à adoção de comportamentos agressivos tais como morder objetos e/ou pessoas. Este comportamento agressivo pode também ter o objetivo de chamar a atenção dos adultos. Outro aspeto a considerar é que até aos 2 anos, aproximadamente, as crianças encontram-se na fase oral. Durante esta fase, as crianças exploram o mundo e obtêm satisfação através da boca, e por isso é frequente levarem objetos à boca. Dentro da fase oral existe a fase oral-sádico, em que a obtenção do prazer é feito através do ato de morder e mastigar. 

O que fazer para tentar reduzir este comportamento?

Evite brincadeiras com mordeduras, mesmo que sejam a fingir. As crianças imitam as brincadeiras em casa, porém não sabem fingir e por isso ao morder vão magoar e marcar os colegas. Se presenciar uma situação na qual a criança esteja a morder alguém, chame a atenção e explique porque é que aquele comportamento não pode acontecer. Mantenha a calma e não castigue a criança. O castigo apenas irá aumentar a frustração e potenciar a repetição do comportamento. Se a criança morder, não ria ou mostre que achou engraçado. Isto pode incentivar a criança a manter o comportamento. No caso de já ter ocorrido a mordedura, após explicar à criança que morder é errado, procure dar mais atenção à criança que foi mordida. Desta forma ensina à outra criança que morder não é uma forma aceitável de conseguir atenção. Procure identificar o que motivou a criança a morder. Se foi por não conseguir partilhar (por exemplo), tente estabelecer uma forma de dividir os objetos, ou tente que brinque cada um na sua vez. Embora faça parte do desenvolvimento, existem atitudes que os pais podem adotar para ajudar a criança.

Referências:

Clínica, R. P. (2020, July 20). Fase Oral: Significado em Freud e Psicologia. Psicanálise Clínica. Retrieved July 19, 2022, from https://www.psicanaliseclinica.com/fase-oral/

Lopes, M. (2019, May 14). Porque é que as crianças mordem? Bairrada da Informação. Retrieved July 19, 2022, from https://www.bairradainformacao.pt/2019/05/14/porque-eque-as-criancas-mordem/

Piazzaroli, R. F., & Fiamenghi-Jr, G. A. (2018). Why Do Children Bite Each Other? Observations in A Brazilian Nursery School. American Journal of Social Sciences and Humanities, 3(1), 48– 54. https://doi.org/10.20448/801.31.48.54 

Silveira, R. C. S. (2018). O PROFESSOR, A FAMÍLIA E O PROCESSO DE NATURALIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL DA CRIANÇA NOS ANOS INICIAIS. EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE, 4(1), 164-181.

Vindimas

As quintas pedagógicas proporcionam às crianças experiências únicas, as vindimas promovem uma estimulação sensorial enriquecedora, os cheiros, as texturas, o tato e o colorido natural. As crianças, nos dias de hoje, dificilmente têm oportunidade de mexer na terra, de se sujarem, de realizarem jogos com objetos do dia a dia e de explorarem a natureza. Neste dia fomos fazer as vindimas e por umas horas as nossas crianças puderam sentir a natureza e viver uma das mais antigas tradições do nosso país num ambiente de convívio e partilha.

Desfolhada

A recreação da desfolhada, uma atividade rural quase inexistente, proporciona às nossas crianças um leque de experiências sensoriais, foi uma oportunidade de terem contacto com elementos da natureza, de observar as suas cores e poderem sentir as várias texturas. Foi também uma partilha de momentos de alegria e convívio entre crianças de várias idades e adultos, promovendo o sentimento de pertença ao grupo. É essencial preservar e valorizar o nosso património sociocultural!